domingo, 7 de setembro de 2008

Fórceps












Foi no desespero de uma manhã de domingo que a mãe sentiu as dores do parto e o pai acelerou o Corcel II até o hospital. A partir daí surgiu o primeiro conflito, os médicos lutavam para tirar a criança, e ela por opção esforçava-se para não fazer parte deste mundo. Foi necessário o fórceps que sem surtir efeito foi substituído pela cesárea. O pequeno iniciante na arte do sofrimento gritou, gritou, gritou como nunca haviam escutado naquela maternidade.

Este lugar foi alcançado na última sessão de regressão. Após alguns meses de terapia, consegui dar sentido a rejeição pela carne (animal), pelo mundo (sociedade), pelos humanos (indivíduos). Simplificando, desde então dei nome a misantropia que já vivenciava. A vida tomou outro sentido, ou novas sublimações surgiram. Entendi porque era tão diferente, as vezes considerado excêntrico, estranho, esquisito. Vi que meu amigo buscava uma verdade que eu não podia oferecer pois não sabia que tinha conhecimento dela. Continuo não acreditando em quase nada e vejo que esta é uma postura menos ofensiva, e a única certeza que possuo. Conforta-me saber que o filho do terapeuta faz judô as custas das minhas sessões.

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