sexta-feira, 9 de maio de 2008

E "foice" a infãncia


Dois garotos sentados no meio fio, contado carros. Era essa a rotina dos fins de tarde. Qual o número certo? Não importa, o que vale nesta cena é a possibilidade de ocupar-se do contar carros. Qual a finalidade, preocupação de dois garotos quando imersos nesta ação? Será que seus pais estão brigando, ofendendo um ao outro? Será que não possuem responsabilidades, atividades escolares ou ocupação que liberte-os desta rotina. Mas esta é a sua infância, ou melhor, esta foi a sua infância e é por ela que hoje ele briga, que assume as posições mais arriscadas para manter crianças livres de preocupações, livres de qualquer empecilho que as deixe tolhidas da sensação de sentir-se a vontade para contar carros. Entregar à vida a liturgia da infância. Mas lembro dos garotos em barracos de lona preta, com bandeiras hasteadas e com o discurso do oprimido na ponta da língua. Elas deixam de ser crianças por suas palavras de ordem? Por suas brincadeiras ‘fora de ordem’? Quando o garoto finge ser o ‘Zé Rainha’ ele não é mais criança? Com certeza o é! As vezes mais criança do que o garoto que conta carros. Pois ele tem sua infância ligada ao mundo adulto, tem seus ideais construídos com bases coletivas. Imagina o dia em que o seu povo estará liberto das garras da tirania colonialista que já superou os 508 anos.