sexta-feira, 13 de abril de 2007

Prozac















Abri os olhos e vi ao meu lado uma pilha de pessoas mortas que deixaram suas solidões impressas em celulose. Hoje percebi que devo reorganizar os livros, começar a deixar alguns autores vivos ao meu lado, alguns que respirem a atualidade. Resolvi sair e desistir da solidão que tantos dizem que faz mal. O que adiantou, só enxerguei pessoas fingindo felicidade e alegria, deve ser fingimento pois se for verdadeiro o mundo está perdido como acreditei anteriormente. O que vi nas ruas? pessoas imitando a televisão, garotas exibindo lipoaspiração, mulheres com fome, homens prendendo a respiração, crianças fingindo maturidade, velhos comprando juventude, automatos confirmando os ideais Cartesianos...
Não dá, gostaria que a medicina inventasse uns bons remédios capazes de solucionar o excesso de lucidez; não é possível que controlem a des-razão, que estabilezem o humor e não controlem o excesso de razão.
E segue a ordem do dia: desistir da procura por pessoas mortas imersas em solidão; abandonar os vícios que expandem o espírito e deixam o corpo fora da moda; iniciar uma longa identificação com os ideais televisivos (pois o mundo se apresenta como o retratado pelos teledramaturgos). O mote contemporâneo é o prozac. Se é que existe algum movimento terapêutico.

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